Por mais bela que seja a árvore da vida, ela precisa estar enraizada no solo, e isso leva alguns anos. São essas raízes que darão o alicerce para sustentar uma copa frondosa com frutos belos e fartos.
Os galhos darão a árvore da vida o alcance dos objetivos, ora em busca do sol – a felicidade, ora em busca da árvore ao lado – o outro que me diz como estou. Cuidado, pois se um galho tenta alcançar longe demais, afetará o equilíbrio do tronco. Se a raiz estiver forte, a árvore está segura, caso contrário se encontrará tombada.
As folhas são as responsáveis pela transformação da luz em energia para o crescimento, assim como nossas células receptoras nos permitem codificar e perceber tudo o que acontece neste mundo com cara de selva. Sol demais queima, de menos impede a multiplicação das células.
A chuva proporciona a melhor das sensações, as gotas que caem são massagens cuja existência da natureza presenteia a árvore, para sustentar e manter o seu lugar no mundo.
O vaso é como o exercício da paternidade, ele deve dar abrigo à raiz, conter aquilo que fornece os nutrientes e impor os limites.
Essa importância pode ultrapassar a fronteira quando as raízes estão ocupando o espaço máximo e precisam sair deste vaso. Se o vaso não permitir, a raiz ficará sufocada e a função deixará de ser fundamental para ser excessivamente protetora. Quem sofre é a árvore que não cresce.
A muda precisa aprender que a árvore que atinge a maior altitude é aquela que não se importou em depender do arrimo. Que o crescimento aumenta o número de camadas do tronco e a sua espessura, assim como multiplicam as rugas da casca.
A proteção das folhas e galhos não deve espantar os animais, em especial os pássaros, a árvore se satisfaz a servir de moradia e fornecer segurança. Mas tem que ser forte às intempéries das mudanças climáticas que não estão sob seu controle. Aproveitar a luz e a água de algumas estações, e ao mesmo tempo sobreviver à escassez e a perda de folhas das outras.
As aparências enganam: mesmo parecendo sadia, pode estar oca e com a raiz podre. A queda será uma questão de tempo. Embora uma árvore sem folhas estampe as belezas de sua estrutura, pode ser sinal de uma vida ameaçada.
Chega uma hora que é preciso dar frutos, que carregarão sementes e permitirão uma sobrevivência para além da árvore única e finita. Nesta hora, será inevitável o julgamento alheio sobre a qualidade do fruto gerado, que mostra o quanto os piores e os melhores da árvore contribuíram para aquela nova vida.
O amadurecimento revela se o fruto pode ser comido. Mas antes de desfrutar saiba: a árvore carrega um grande afeto em sua produção, já que nele está boa parte da sua essência.
Em algum momento na vida da árvore, a casca pode se soltar, como quem perde tudo aquilo que mantinha a sua aparência. Aí todos poderão ver se a madeira é de lei. Se ela será capaz de enfrentar o forte calor e as tempestades, o tempo irá dizer.
5 comentários:
Filho, esta crônica escrita a 4 maõs guardarei para sempre em meu coração e em minhas reliquias...como esse pensamento que um dia li em um livro quando era jovenzinha, guardei até hoje e de vez em quando a uso:
"O homem sempre teve,
e sempre terá,
liberdade para forjar
novas palavras
bem apropriadas à época.
Palavras são como folhas,
algumas murcham a cada ano.
E cada ano nova
brotação se sucede"
Horácio in arte poética
Parabéns!!!!
6 de março de 2010 16:27
Quando li o título na hora me lembrei da música Árvores (Arnaldo Antunes).
"Árvore da vida
Árvore querida..."
Ah, adorei a ilustração...
Adorei a árvore "soprada". :-)
E o texto me lembrou as aulas de HTP na faculdade. Só que a visão de vocês ficou cheia de poesia. Adorei!!! Parabéns às 4 mãos e aos 2 corações sensíveis.
Queridos frequentadores, obrigado pelos comentários! Fico feliz de ter tocado com as palavras...
Oi Augusto..
Parabéns...!
Como disse, acordei dormindo e este texto veio me acordar.... cultivar o dia a dia para que ele não se perca no sono do vazio...
Obrigada!
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