sábado, 30 de julho de 2011

Explorando o Mundo Interno

Arte de Weberson Santiago



Enquanto aproveitava a quietude da tarde de domingo para escrever, Anelise, em tom claramente preocupado, me abordou e disse:

― Gusto, as formigas estão comendo todas as suas pedras!

Achando graça, interrompi a escrita e convidei:

― Vamos lá pra você me mostrar.

No quintal, a nova saída do formigueiro era no meio das pedras de rio do pergolado. Comecei pela aula de ecologia, contando sobre a vida subterrânea das formigas e mostrando uma folha picotada, acalmando-a sobre a possibilidade de nossas pedras serem devoradas.

Eu também me incomodo quando me deparo com aquele montinho de caroços de areia que as formigas fazem inconvenientemente em algum lugar de minha casa, mas o que eu achei interessante neste episódio foi a preocupação da pequena.

Ela acompanhou a finalização do jardim e não queria que as minúsculas e persistentes formigas estragassem um lugar importante e relaxante da nossa casa.

A coragem é construída desde a infância, nas pequenas ousadias inventadas e vencidas. Cercada pelos quatro muros, Ane explora o mundo do quintal enquanto se prepara para enfrentar o mundo fora dele. E durante suas brincadeiras descobre como as coisas acontecem, ou como elas não podem acontecer.

Observando as diferenças entre cada bicho desconhecido que passa pelo nosso jardim, aprende a lidar com o inesperado exercitando sua curiosidade.

Planta comigo as flores que eu presenteio sua mãe para que elas voltem a florescer sorrisos coloridos no futuro.

Ajuda a recolher as folhas secas e descobre o cuidado necessário para manter a beleza. Sabe que regar é tão importante quanto se dispor a satisfazer as necessidades de quem amamos.

Foi depois que a Ane colaborou na plantação do manjericão que ela parou de implicar com o verde no meio da comida.

Em seus ensaios de exploração fora do domínio seguro do quintal, fomos ao parque de diversões. Passeio surpresa prometido e esperado. Ganhou uma pulseira que garantiria quantas idas quisesse a todos os brinquedos disponíveis.

Depois de várias vezes no pula-pula, no minhocão, nas xícaras giratórias e no carro dos Flintstones, ela pediu para descer o tobogã inflável. Dissemos que a idade não nos permitia descer com ela, mas mesmo assim insistiu que queria ir.

Permitimos e ela foi subindo pela escada do lado até o topo. Quando sentou diante da descida, abriu o berreiro. Ficamos tão aflitos que a Natália quase subiu o brinquedo para socorrê-la, enquanto a funcionária que tomava conta partia para o resgate.

Anelise não estava pronta para enfrentar a descida do tobogã, nem para suportar os segundos de frio na barriga do trajeto quando se fica suspenso no ar. Quando foi resgatada e pisava no chão, procuramos lidar com naturalidade, preocupados com um medo desmedido no futuro.

Para resolver esta história, armamos outro passeio. Para uma nova descida, convidamos a Tia Sara, minha irmã de onze anos, para descer com a Ane. Com a confiança da companhia, a descida foi fácil e o medo foi vencido.

Confesso que eu já tinha pensado em alugar o inflável para colocá-lo em nosso quintal.

UM CAFÉ E A CONTA!

| Quando saímos de nossa zona de conforto, é preciso ter ao lado alguém que nos dê segurança para encarar a novidade.


Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria

Caderno Cultura, p. 3, 30/07/2011, Edição Nº 1158.


domingo, 24 de julho de 2011

Fazendo Cera

Arte de Weberson Santiago



Fabiana tem vergonha de ser dramática, mas basta uma pequena situação espicaçante para que ela resolva da forma mais teatral. Certa vez, durante seu doutorado conheceu Fernando em uma disciplina que cursavam juntos. Depois de algumas conversas no café do intervalo, resolveram marcar um encontro fora do ambiente acadêmico. Tudo foi inicialmente combinado, faltando apenas uma ligação dele, que não aconteceu. Este foi o motivo para a discussão que segue.

Ele começa a com “Minha querida amiga” e ela responde “Ainda não me considero sua amiga”. Ele segue com “desde que estreitamos nosso vinculo” e ela questiona “quando fizemos isto mesmo?”. Ele diz “eu vivo fisicamente sozinho, não tenho amigos ao meu redor e sei o que você está falando, mas me acostumei com a solidão” e ela elabora “eu realmente vivo sozinha fisicamente, mas os poucos amigos que tenho são verdadeiros e a distância que tenho deles não me impede de pensar que estão ao meu redor, pois sempre que preciso deles, eles vêm até mim”.

Quando ele justifica “ontem não foi propositadamente”, ela rebate “eu não disse que foi, mas talvez não tenha entendido, eu liguei no sábado e você ficou de ligar no domingo”. Ele tenta apaziguar: “não veja minhas mancadas com os encontros como uma falha de caráter ou uma desconsideração com você” e ela encerra “como eu vejo, realmente não importa”. Ele solicita: “por favor, vamos conversar e desfazer esse mal entendido” e ela responde “para mim não tem mal entendido nenhum. Aliás entendi muito bem”.

“Vamos dar um jeito de reparar esse equivoco”, pede ele. “Não há equívoco algum Fernando, pelo menos para mim”. Ele insiste: “Me dê essa chance, vou me encaixar na sua agenda, apenas me dê as coordenadas”. Ela: “Chance de quê? Acho que não precisa dispensar seu precioso tempo comigo”. Ele termina com “seria uma honra te receber em casa!” e ela despeja:

“Falando especificamente de nós, com a relação que iniciamos, não tenho mais desejo de lhe encontrar. Isto se explica por questões internas minhas, é claro, mas também pelo que infelizmente nos ocorreu. Quando você disse ‘pode ser no final da tarde se quiser, fico no seu aguardo’, talvez você não tenha percebido a sutileza, mas fico no seu aguardo é um dos seus problemas. Para finalizar, só vou explicar o meu silêncio até hoje.

De quinta para sexta eu adquiri uma gripe alérgica provocada por um produto de limpeza novo que comprei para limpar a casa e receber um suposto amigo que iria me ver, sabe. Optimum para pisos de madeira. O troço me desencadeou uma alergia imensa e, de sexta para sábado, mal dormi com o nariz entupido. No sábado, me levantei arrastando até o banheiro para tomar um banho e com muito custo ainda lavei meu cabelo, lixei minhas unhas e me depilei. Afinal eu tinha um almoço com um amigo e à tarde iria te encontrar.

A ideia era ainda chegar em casa depois do almoço, transcrever minha entrevista da tese, fazer uma prancha no cabelo para ir lhe encontrar ao menos apresentável. Se tivesse prestado um pouco de atenção quando te liguei no sábado perceberia minha voz fanha. Claro que, mesmo doente, eu não iria desmarcar o encontro com você, para não furar um compromisso que para mim só é furado em casos extremos. De sábado para domingo, a rinite piorou muito, pois o tempo esfriou mais e acordei sem ao menos conseguir levantar da cama. Quando lhe escrevi brevemente – me liga a cobrar, estou em casa o dia todo – eu estava na cama com o laptop em cima dos joelhos.

Lá pelas quinze horas do domingo, meu amigo de Belo Horizonte que agora mora aqui, ligou para saber como eu estava. Ele ainda não tem número aqui de São Paulo, ou seja, fez uma ligação interurbana para saber se eu tinha melhorado da rinite. Eu disse que estava na cama. Ele saiu lá de Pinheiros, foi até a minha casa e me arrastou para almoçar dizendo que eu precisava comer, senão iria piorar. Me levou arrastada até o shopping e depois me deixou de volta em casa com mil recomendações, pois eu só queria deitar. Durante este mesmo domingo recebi mais três ligações – Francisco, Marcos e Luciana – querendo saber se eu precisava de alguma coisa, se queria ir ao médico.

À noite, quando eu abri meu e-mail de novo, não esperava um e-mail seu, já que não havia ligado e tudo e tal. Eu respondi para você ainda na cama. E desculpe se teve o tom de desabafo, mas realmente ando cansada. Fiquei deitada a tarde toda com o corpo desfalecido. Só agora, às 11h32min da terça feira eu pude abrir meu e-mail e ver o que escreveu. Assim, colega, caso tenha percebido, se não estivesse aí até agora esperando eu te ligar, teria visto que eu estou doente e até fiz um esforço descomunal para manter nosso encontro. Ou mesmo ficar aqui lhe escrevendo. Mas sério: não vale a pena mesmo. Esquece tudo isto, esquece que algum dia nos conhecemos, me esquece e se a gente se cruzar na Universidade ou em qualquer outro lugar não vou lhe tratar com indiferença: sou educada, vou fingir que nada ocorreu e tudo segue como antes, ok? Espero que entenda.”

O que um Optimum não é capaz de fazer.

UM CAFÉ E A CONTA!

| Por vezes somos obrigados a disfarçar o melhor sentimento, facilmente, como se ele não existisse.



Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria

Caderno Cultura, p. 3, 23/07/2011, Edição Nº 1157.


sábado, 16 de julho de 2011

Restaurante Italiano

Arte de Weberson Santiago



O restaurante italiano é meu consultório sentimental. Quando algum tipo de problema ronda meu relacionamento, parto para a trattoria. Não há assunto delicado que não possa ser devidamente conversado na degustação do antipasto – entrada típica, do primo piato, do secondo piato – prato ou pratos principais, da insalata – salada e do dolce – o necessário docinho da sobremesa.

A sequência é essa mesma. A cozinha italiana não serve a salada no começo e abomina pratos combinados com diversas receitas, tal qual o nosso tradicional arroz, feijão, bife e batata frita. Na culinária italiana não existe prato executivo. Verá um solitário no restaurante japonês, um viúvo a degustar comida árabe, uma solteirona na churrascaria rodízio, mas a cantina não foi feita para comer sozinho.

Na chegada, a demonstração de carinho do homem começa na escolha do vinho. O tilintar no brinde é muito romântico. O bojo da taça salta aos olhos, o aroma invade as narinas enquanto o nariz invade a circunferência. O encontro do vinho com a saliva é capaz de eliciar as mais sublimes sensações. Brinda-se o que quiser, busca-se um pretexto, comemora-se o pequeno detalhe ou simplesmente brada-se “salute!”.

Para uma reconciliação, sugiro a lasagna. É preciso muita disposição de ambos para entrar em acordo. Primeiro se ouve com respeito para depois falar. Algo simbolizado pelas camadas devidamente intercaladas deste prato. Minutos de silêncio fazem bem ao pensamento e evitam falas desapropriadas. É a hora de gratinar o pensamento.

Em se tratando de comemoração de aniversário de relacionamento, nada como o tagliarine ou fettuccine. O cuidado com o sentimento do outro na hora de dialogar é como o movimento de girar o garfo para ajeitar a massa com o molho de forma que caibam perfeitamente na boca. Além do mais, quem não se lembra da cena do filme “A Dama e o Vagabundo” em que compartilhar o spaghetti termina em beijo?

Quando o motivo da ida à cantina é a notícia da gestação, peça um conchiglione – concha grande – e diga que aquele formato será atingido no decorrer dos próximos meses.

Caso reserve uma surpresa, indico qualquer uma das massas recheadas como o raviole, o capeletti e o tortellini. Por mais que já tenha comido, o recheio é sempre novo. Há coisas que só experimentando para se saber que gosto tem. Sabor e saber são palavras que nasceram juntas e que não podem ser separadas para se atingir a sabedoria na vida.

Se por acaso cometer um excesso, não se preocupe. Você não está em um bistrô francês. No restaurante italiano cabe escorregar no molho, deixar saltar uma azeitona preta ou tirar as carnes do corte com osso com os próprios dentes.

Se eu não gosto que se intrometam no meu relacionamento, existe uma exceção. Sempre aceito a interferência do garçom no pedido quando vou à trattoria. No frio, a sugestão de brodo – sopa – de capeletti foi perfeita. Ainda me falta experimentar a macedonia – salada – de frutta.

Seja uma cantina com toalhas xadrezes vermelhas, frios e queijos pendurados em meio às fotos dos celebres clientes ou num ambiente mais sóbrio, prepare-se para ser interrompido pelo dono da casa. Italiano é bonachão e faz questão de abordar o cliente na mesa, ver se o serviço está a contento e investigar o paladar da comida. Quando o proprietário tem este costume, os italianos chama o estabelecimento de osteria.

Dia destes, numa das nossas cucinas preferidas, nos pegamos incomodados com a mesa ao lado. Tratava-se de um casal num primeiro encontro. Ele tentava impressionar, falando alto e gesticulando feito mafioso comemorando a vitória da gangue. Foi ao ver o pedido que não me restou dúvida sobre a cena. Ele pediu rondelli. Ela pediu cannelloni. Ele só queria enrolar. Ela, ainda no primeiro encontro, não via luz no fim do túnel.

UM CAFÉ E A CONTA!

| Se temos o direito de escolher o par perfeito para frequentar o restaurante, devemos ter toda a liberdade para eleger o prato certo para cada situação. Fica a sugestão.


Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria

Caderno Cultura, p. 3, 16/07/2011, Edição Nº 1156.


domingo, 10 de julho de 2011

Cama de Casal




Hoje abro mão dos balcões de padaria e da minha escrivaninha. Estou confortavelmente sentado na cama nova, recostado na cabeceira de madeira com um detalhe de ferro enquanto escrevo esta crônica.

Todo jovem em início de carreira tem uma lista de objetos de consumo para adquirir. Depois daqueles que envolvem tecnologia, um dos itens mais desejados é uma cama de casal. Não importa se o mancebo é solteiro. Quer uma cama grande para rolar de uma ponta à outra como um espeto de carne na churrasqueira. Sonha com o monte de travesseiros e a pilha de almofadas para mergulhar feito uma criança numa piscina de bolinhas. Prefere a cama box porque pensa que o colchão começa no chão.

O emprego novo não foi a minha motivação para comprar uma. Não via a cama como uma compensação para um dia cheio e estafante. Para isto me bastava a de solteiro.

Foi quando passei a receber a Natália aos finais de semana que começou a faltar espaço para o nosso conforto. O sofá cama da sala quebrou o galho por um bom tempo, mas nunca deixou de ser uma solução provisória.

Enquanto eu juntava o dinheiro, ficamos olhando uma cama na vitrine da loja no caminho de todo dia. Chegada a hora da compra, não adiantou percorrer todas as lojas de móveis da cidade. A cama da vitrine tinha escolhido a gente. Agora a vitrine está no nosso quarto.

O ditado popular diz que a necessidade é a mãe da vontade. Eu penso que a vontade mostra a direção do sentimento e vejo a compra da cama como um passo a mais em direção ao casamento. A cama de casal é minha aliança de noivado.

Pensando assim, abro mão de qualquer forma de conservadorismo, sem abrir mão do romantismo. Há pouco tempo atrás, a cama de casal só podia ser usada depois do casamento. Um lugar sagrado onde não se podia sentar caso não fosse a sua própria cama. Uma falta de educação maior do que abrir a porta da geladeira e ficar procurando nada na primeira visita.

Diante do convite de casamento, parentes e amigos presenteiam tudo, menos a cama do casal. Cada dois deve escolher a sua. E todos os presentes ganhos no enlace são colocados em cima desta cama. A única oportunidade de ter acesso à intimidade era a visita para ver os presentes ganhos.

Hoje a cama de casal é a praça de alimentação da família, presente de pai ou mãe ausente para filho pré-adolescente, sala de estar para receber as visitas de sempre. É o refúgio dos pesadelos do filho pequeno, que chega sorrateiro e levanta o edredom caído no pé da cama e se instala bem no meio.

Não importa se a mola do colchão é ensacada quando o sentimento tem densidade. Quando a gente compra uma cama de casal pode não ter companhia, mas quando um casal compra uma cama é para nunca mais dormir sozinho.

UM CAFÉ E A CONTA!

| Enquanto desprendemos os atos reconstruímos os nossos laços.


Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria

Caderno Cultura, p. 3, 09/07/2011, Edição Nº 1155.


domingo, 3 de julho de 2011

A Hora de Podar

Arte de Weberson Santiago


É preciso saber a hora de podar.

Um amigo me contou que, para manter as árvores da frente de sua casa, passou a observar as árvores da mesma espécie que considerava as mais bonitas da cidade. Quando ele percebia a poda naquelas que ele julgava bem cuidadas, partia a aparar as suas. Esperava que assim tivesse árvores tão bonitas quanto as que ele admirava.

Da mesma forma, nós precisamos saber a hora de podar as coisas com as quais estamos envolvidos e que precisam ser cortadas. Para nós seres humanos, aceitar que é chegada a hora de por fim é um bocado difícil. Enxergar que é preciso encerrar uma atividade. Abandonar um velho hábito. Se afastar de uma pessoa que não nos faz bem. Deixar um emprego onde não somos valorizados.

Diferentemente das árvores de mesma espécie, espécimes humanos não tem sempre o mesmo dia de poda e não é possível esperar o outro fazer para então imitar. Cada um tem o seu tempo e passa pelas estações de forma diferente. Para podar, precisamos de coragem. Precisamos deixar o medo de lado. Precisamos achar força em um momento de fraqueza e insegurança.

Aprender a tolerar os momentos de angústia, quando os pensamentos e sentimentos parecem um enxame de abelhas. O excesso de zunidos que incomodam. Quem chega perto corre um grande risco de levar uma ferroada.

Mas é no meio da confusão da colmeia que o mel é produzido. Cada um com seu papel. Trabalhando em conjunto. Aceitando um pouco de dependência dos outros. Nestes momentos críticos é que descobrimos quem está disposto a enfrentar o enxame conosco.

E é no coletivo que novamente nos tornamos produtivos. Enquanto estamos ao lado de quem nos acolhe, podemos sentir que há força para continuar. E assim perceber que um fim também é um recomeço e que devemos seguir adiante.

Ao invés de esperar que as coisas se resolvam por si só, é agir para que elas mudem. É no corte do caule que surge um broto cheio de vida e força.

Os dissabores que passamos reorientam os nossos passos. É quando nos permitimos refletir sobre eles que descobrimos o que é certo e o que é errado, o que é comodismo e o que é coragem, o que é verdade e o que é mentira, o que é realidade e o que é ilusão.

Se cortarmos cedo demais, impedimos o florescer. Se deixarmos passar da hora, colhemos o fruto podre.

UM CAFÉ E A CONTA!

| Na hora de por fim aos problemas, é preciso tomar cuidado. Pode-se cortar o que é destoante e promissor ao invés do que precisa ser mudado e amarra.


Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria

Caderno Cultura, p. 3, 02/07/2011, Edição Nº 1154.