quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

1 ano de Observatório!


O primeiro post publicado foi "Resgate" em que digitei um texto escrito aos 9 anos. Do dia 16 de Fevereiro de 2009 até hoje somam-se mais de 60 textos e 70 aforismos.
O incentivo de alguns amigos foi importante para iniciar esta empreitada: Ricardo Pelosi me apresentou (ou presenteou) ao olhar peculiar e poético de Rubem Braga , o que funcionou como mola propulsora para escrever; Luciano Fiscina foi o primeiro a visualizar o Blog e a comentar os textos, o que foi fundamental para estimular os que vieram em seguida; Weberson Santiago, ilustrador cada vez mais famoso, que disponibilizou seu amplo acervo para ser utilizado desde a criação deste blog.
Começou em paralelo as minhas atividades no Mestrado em Psicologia Experimental, para contrabalancear mais de três anos debruçados no estudo experimental do comportamento verbal. Aqui, me permiti falar do que deu vontade tendo como tema os comportamentos, sem recorrer a casos clínicos. Dar ênfase ao que muitas vezes passaria despercebido no cotidiano.
O principal compromisso, a princípio, seria comigo mesmo. Inicialmente, escolhi a segunda feira como dia de publicação, como forma de deixar este dia da semana mais interessante. Raras foram as semanas sem escrever, o que mostra o quanto este espaço é importante para mim.
Quanto ao leitor, percebi que muitos lêem, mas poucos comentam por escrito (muitos comentam verbalmente, em particular). A leitura silenciosa para mim basta, afinal, se promovi reflexão sobre aquele assunto, este espaço cumpriu sua função enquanto OBSERVATÓRIO DE COMPORTAMENTOS!

O primeiro banner que fazia fundo para o título Observatório foi a ilustração acima, como sempre, do Weberson.

Salute!

4 comentários:

Augusto Amato Neto disse...

"Registrarei com apreço minhas palavras para marcar e celebrar o aniversário de um ano do seu blog, e que, aliás, me surpreende a maturidade que ele atingiu. vi a idéia nascer e acompanhei o desenvolvimento dela, mais do que isso, vi ela tomando vida, corpo!Parabéns por tudo!"
Luciano Fiscina, por email.

L. Fiscina disse...

meu caro, já faz algum tempo que venho pensando como é difícil dar corpos às idéias, vesti-las. como é difícil encontrar a vestimenta correta para as idéias de modo que as façam parecer o que são; de modo que cheguem ao outro sem perder o que as originou. Ou seja, como é difícil dar palavras às idéias, digo vestimentas; e também como é difícil espalhá-las no ambiente por meio da ação. Já dizia Espinosa em seu tratado sobre a Ética que, uma ação coordenada por uma idéia própria é causa e não consequeência de nenhuma ação antecedente. Ou seja, Espinosa reserva uma possibiliadde para o exercício da originalidade, inspirado pelo imperialismo da iniciativa. Mas, a nascente de uma idéia precisa do corpo correto, as palavras, para não permanecer confinada no ambiente que as originou - o campo do imaginário, berço de todo ato criativo. Mas, no caso de um apego excessivo à bonita roupagem das palavras, elas tendem a ser levadas pelo vento, propagando-se apenas no tempo e não no espaço, cujos ecos realçam-se pelo tempo como bonitos e belos discursos, só que agora confinados ao ciclo interminável da análise. Tenho pensado muito na relação entre análise e síntese. Ainda que toda síntese seja temporária devido a impestuosidade constante da vida que a todo instante impõe a necessidade de reformulações e ações estratégicas para formações de híbridos, ela (a síntese) é o objetivo da análise. Esta sem aquela é como caminhar sem buscar um lugar onde se quer chegar. A síntese é ação. Espinosa, em contraste com Descartes que criou a geometria analítica, criou a geometria sintética. Reich na psicanlise, em contraste com Freud que se perdeu no infinito reino da análise, criou a bioenergética, cuja base é o corpo físico e biológico; e contemporaneamente apareceu a linha da biosíntese, cujo o fundamento de trabalho é o corpo. Enfim, a síntese é ação e quem age é o corpo. Ela, a ação, revela os elementos psicológicos, emocionais e sensitivos que estão ancorados no surgimento daquela idéia temporariamente original. Isto é, a ação sintetiza o que foi co-ordenado no tempo da análise e é ordenada pela essência do princípio fundamental que resultou da análise e deu fôlego para ação. Assim, uma idéia se espalha no tempo por meio da análise e no espaço por meio da síntese. Enquanto análise, a idéia precisa das palavras; como síntese ela precisa da ação.

L. Fiscina disse...

Acredito, então, que a origem deste blog reflete um pouco isso. O modo como ele surge, se desenvolve e o que ele atingiu demosntra os subsídios que sustentam o ânimo, a motivação e a energia necessária de mantê-lo atualizado no mesmo vigor que o originou. Não só a crença de que ele espelha certa interioridade do autor, mas como suas idéias se espalham no ambiente a partir de uma sistematização que pode ser acompanhada e testemunhada. O autor compartilha e permite que testemunhemos seu esforço em fazer justamente daqui um lugar de observação, de testemunhos, de relatos, de descrições. Não por acaso o gênero que envolve o lugar em que as idéias deste blog são produzidas é a crônica, um estilo literário que se preocupa com a experiência pura, crua, viva, capturada no tempo real do cotidiano. Nosso autor, criou um portal de encontros descomprimissados e que nos desobrigam de parâmetros interpretativos e nos coloca muitas vezes de frente para a coisa crua, de frente para o que é. Buscar a poética do que é, é buscá-la na realidade do cotidiano amargo; agora buscar a poética no que deveria ser é buscá-la na região da utopia, em que nada precisa ser mudado para se tornar perfeito. Muitas vezes, o utópico a priori não converge com o real que é construído, é um resultado a posteriori.
Seu blog nos ajuda a construir o real, a entendê-lo e conhecer a poética que o real é capaz de revelar nas situações mais comprometedoras dos parâmetros e das zonas de conforto. Este blog reconstrói o real, ressignifica-o. Este portal é uma janela que revela uma forma de expressar as experiências demasiadamente humanas, mas também reflete os conteúdos próprios e caros ao autor, dando-nos chance de refazer o percurso que originou suas idéias e o modo como ele nos permite testemunhar o espalhamento delas. Das idéias às palavras; das palavras às ações; das ações às idéias. Os merecidos parabéns por manter as condições necessárias para que este ciclo não se rompa, o que certifica a preservação da identidade deste blog. Os merecedios parabéns também por nos oferecer um espaço para continuarmos a brincar com o real e vê-lo ser reconstruído a cada instante mediante apenas o simples cuidado de um olhar atento e disposto a ver o que muitas vezes não conseguimos mais ver. Uma das cláusulas interessantes deste blog é que ao oferecer um espaço de reconstrução da realidade ele, ao mesmo tempo, é um ambiente de saída do real.

O observatório de comportamentos, ao contrário do que possa aparecer, não busca comportamentos, mas busca o que certo evento é capaz de revelar, cuja visibilidade possível, para o autor, é o comportamento, mas ainda não é isso que ele busca. Sua preocupação maior é amplificar um dado instante, descrevendo seu desenvolvimento, e que para nosso autor são os comportamentos, a visibilidade possível de um instante, mas ainda não é isso que ele busca. Sua intenção maior é o real do mundo humano e não humano e como esse real pode ser descrito em palavras, formando uma realidade vestida pelo gênero da crônica.

Parabéns meu caro por este um ano de estórias narradas que nos permitem recriar nossa própria Historia e a entender nosso cotidiano e a aprender a saborear todos os temperos que a vida é capaz de pitar, e sem fazermos cara feia. Hoje já não faço careta ao chupar limão...

Um gde abraço,
Luciano Fiscina

Augusto Amato Neto disse...

Meu caro Fiscina,
Renovo, agora publicamente, o convite para que, quando os melhores textos produzidos aqui constituam um livro, que conte com as suas palavras no prefácio. Primeiro por que está acompanhando tudo desde sempre e espero que continue a acompanhar, o que lhe dará propriedade. Segundo, pois não haveria alguém capaz de ir "das idéias às palavras, das palavras às ações e das ações às idéias" com conhecimento acadêmico sólido e experiência de vida suficiente para fazê-lo melhor que você. É um privilégio contar com sua leitura e comentários, mas o maior privilégio é a grande amizade, que existe sem este complemento.
Abraço,
Augusto.