Introdução à Psicologia Experimental era uma das disciplinas do primeiro ano do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), em 2001. A Profa. Maria Martha Costa Hübner me apresentava, naquela ocasião, uma área específica da Psicologia que aparentava rigor no estudo dos processos envolvidos nos comportamentos humanos e animais. Como jovem de 17 anos, que se interessava pelo conhecimento, dedicava-me às aulas e registrava as exposições verbais dos professores. As aulas da Profa. Martha foram um convite para conhecer a fundo a observação, os registros e os delineamentos experimentais empregados nas pesquisas.
De fato, o comportamento textual diante dos materiais introdutórios em ciência e pesquisa em Psicologia foi mantido em altas taxas naquele ano. Um episódio verbal ocorrido ao final do semestre foi significativo e por isso está descrito aqui. Estávamos reunidos em uma sala do Núcleo de Pesquisa em Psicologia, enquanto a Profa. Martha distribuía as provas finais aos alunos quando citou meu nome e disse: “Augusto, você foi o único da sala que tirou dez!”. O efeito do reforço foi preciso. E não havia como não ser em uma sala com oitenta alunos. Ao final daquele ano, a Profa. Martha deixou de ser docente da UPM, mas meu comportamento, então reforçado, aumentou de frequência. Contei com outros excelentes analistas de comportamento que me incentivaram à Iniciação Científica e à publicação de artigos.
Durante o início do quinto ano do curso, declarei a vontade de iniciar um Mestrado e seguir a carreira acadêmica que me trouxera tantos reforços positivos durante a graduação. A emissão verbal foi reforçada pela família e pelos professores. Nesta época, trabalhava como estagiário de recursos humanos da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), na cidade de Guarulhos/SP. Faltavam pouco mais de seis meses para o término da graduação e a preocupação em buscar uma Instituição para a pós-graduação era recorrente. Numa quinta feira de junho de 2005, tentei, por vezes, sair do ambiente de trabalho para ir ao banco no aeroporto e fui impedido por compromissos profissionais. Até que por volta de 11 horas saí em direção à agência, caminhando pelos largos corredores do amplo aeroporto, dispondo do meu crachá pendurado no pescoço. De longe, avistei uma pessoa conhecida vindo em minha direção. A aproximação lenta me evocou a história ocorrida cinco anos antes até que estávamos frente a frente: “Professora Martha?”, imediatamente ela olhou meu crachá e disse: “Augusto, você foi meu aluno, não foi?”. “Sim, e fui o único da sala que tirou dez!”, respondi. E foi neste reencontro fortuito, promovido pelas contingências da sua volta de Chicago, onde estivera participando da Reunião Anual da ABA (Association of Behavior Analysis) que estreitamos os nossos contatos. Após a reunião seguinte da ABPMC (Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental), em agosto de 2005, fui convidado pela Profa. Martha a participar do Grupo de Pesquisa em Comportamento Verbal, no Laboratório de Estudos dos Operantes Verbais, ligado ao Departamento de Psicologia Experimental da USP.
No decorrer dos cinco anos como membro do grupo de pesquisa, posteriormente como aluno de pós-graduação dessa Instituição, pude conhecer a fundo as relações empíricas entre comportamento verbal e não verbal na ciência do comportamento humano, tive o privilégio de assistir às aulas de professores visitantes de muitos países e, sobretudo, de ter tido o respaldo para me comportar como pesquisador dentro das contingências sociais de um grupo de pesquisadores. Os 10 anos da Análise do Comportamento em minha vida, marcados por este trabalho, demonstram como estímulos verbais, consequenciados positivamente, são responsáveis por escolhas significativas. A partir do estudo do Comportamento Verbal, novos comportamentos foram evocados e novas contingências foram estabelecidas. Tornei-me cronista, aquele que relata o fato que poderia ser neutro no ambiente do escritor ou do leitor, mas que descrito promove um efeito, ao menos transitório, no comportamento textual dos ouvintes. O interesse pelos efeitos das palavras escritas sobre o comportamento do ouvinte passou a ser o meu principal objeto de estudo e será a variável independente na pesquisa desta dissertação.
O produto desta história de interações verbais e não verbais está nas páginas que se seguem, trabalho com o qual espero contribuir com o arcabouço científico da Análise Experimental do Comportamento. Desta forma, a história do pesquisador estará registrada na história do tema pesquisado" (p. 10).
Um comentário:
NOSSA FILHO, ACOMPANHEI TUDO O QUE VC RELATOU!!!
ATESTO A VERACIDADE. TODO O TEMPO REZEI E TORCI POR VC E PELO EXITO DO SEU TRABALHO.
VC CONTINUA SENDO O NOSSO ORGULHO ACADÊMICO!!!
TE AMO! PARABÉNS!!!!
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