- Sabe o que é Doutor, estou com um problema! Estou estranhando o que vem acontecendo...
- Conte-me o que está acontecendo.
- Eu gosto muito de presentear as pessoas que fazem parte da minha vida. Sempre que me deparava com uma coisa que era a cara da pessoa, levava e a presenteava. E meus presentes sempre agradavam. Nos aniversários ou amigos secretos, havia uma curiosidade maior, uma expectativa na hora de abrir o que eu havia dado. Algumas amigas comentavam: “nossa, como você é criativa!”. Por que às vezes o presente que eu dava era simples, mas fazia muito sentido para aquela pessoa ou tinha uma utilidade interessante para a vida dela.
- Entendo – diz enquanto assente com a cabeça.
- Mas de um tempo pra cá não tenho conseguido presentear. Quando as datas especiais se aproximavam, já matutava o que iria dar, planejava onde comprar... Mas agora eu não consigo mais fazer isso. A data vai chegando, eu até recordo da necessidade de comprar o presente, porém permaneço sem saber o que dar. Outro dia me obriguei a entrar na loja para escolher um presente de casamento, fiquei três horas naquela loja imensa e saí de mãos abanando...
- O que você sentiu na loja?
- Uma insegurança muito grande! Qualquer escolha do presente parecia ser inadequada...
- Por qual razão?
- Talvez os noivos já tivessem ganhado um daqueles... Ou o achariam inútil e não o usariam... Quem sabe até dessem pra outra pessoa...
- Qual seu maior medo em relação ao que vem acontecendo? – explora.
- Como não consegui dar nada, que pensem que sou sovina, mão de vaca, mal educada, indelicada. E se acharem que queria aproveitar a festa sem dar presente?
- Acredita que seus amigos a veriam desta forma?
- Você sabe como são as pessoas, Doutor, sempre comentam, maldizem, julgam...
- Dar o presente então tinha a função de evitar julgamentos e comentários, além de agradar e fazer o presenteado se sentir bem?
A.A.N.
Dezembro/2009
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