terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Carta de Despedida

Meu bem,

Tenho documentado meus pensamentos desde o princípio do nosso relacionamento, e por isso lhe escrevo, um final precisa deixar claro alguns sentimentos. Sinto-me sufocado pela sua presença ausente dos últimos meses, que agora se tornou ausência presente. Como não recordar aqueles momentos em que tudo parava no mundo para que nosso encontro acontecesse? E veja como nos incomodamos hoje...

Incrível ver o rumo que as coisas tomaram, como seria se tivéssemos aceitado aquela proposta de trabalho na Costa Rica? Será que seríamos um pouco mais felizes, mesmo que tudo acabasse como agora? Estou me sentindo como se não fosse dono de minha história. Quando foi que o que era firme se tornou essa casa de ribanceira em dia de chuva?

O fato é que você me fez relembrar como me sentia bem sozinho. Você sabe que a liberdade no tempo me deixa mais produtivo. E nestes últimos tempos sempre fez questão de se agendar de forma a minar minha criatividade. Lembro-me do que diz o Fernando: “todo relacionamento deveria durar seis meses menos do que a data em que definitivamente terminou”.

Não importa. Desses nove anos devo levar boas lembranças, os verões na praia, os invernos no interior. A Luiza será feliz crescendo comigo. Fica melhor assim.

Com carinho,

Lu.

2 comentários:

Priscila Zavagli disse...

Me lembrou esse diálogo, instantâneamente.

" _Ela é tão livre que um dia será presa
'Presa por que?'
_Por excesso de liberdade.
'Mas essa liberdade é incente?'
_É. Até mesmo ingênua.
'Então por que a prisão?'
_Porque essa liberdade ofende."

Clarice Lispector

Augusto Amato Neto disse...

Belo trecho!