segunda-feira, 20 de abril de 2009

Segundas-feiras

Embora a semana comece no domingo, e segunda-feira deva seu nome a isso, é no primeiro dia “útil” da semana que consideramos que ela começa. Por isso, sábado e domingo são chamados de fim de semana. Aliás, qual o fundamento para chamar alguns dias de “úteis”? Como se ter o prazer de acordar sem um despertador, mesmo que na mesma hora, depois colocar uma boa música e ler o jornal de domingo de cabo a rabo fosse algo “inútil”.

Mas, por conta dos compromissos, acaba sendo na segunda que a semana efetivamente começa. Já tive muitos problemas com este dia da semana. Um sentimento estranho, muitas vezes difícil de entender ou nomear. Por vezes, considerei-me improdutivo. Por outras, muito pensativo e até cansado.

Conversando com um grande amigo psicanalista, me dizia que não atendia pela segunda de manhã, cuidava de outras coisas importantes no consultório, se organizava e começava a atender após o almoço. Ele considerava essa dificuldade comum devido à intensa convivência familiar aos finais de semana. As risadas que ele arrancava quando dizia isso para alguém eram sinais de que fazia, ao certo, algum sentido. Afinal, quantas vezes nos pegamos fugindo de uma situação familiar incômoda no fim de semana?

Certa vez li uma pesquisa japonesa que dizia que a pressão arterial era maior na segunda-feira do que em qualquer outro dia da semana, devido ao estresse da volta ao trabalho para eles. Para lidar com esta realidade indiscutível, incluí algumas estratégias para driblar o efeito da “segundona”. Uma delas é publicar as crônicas no Observatório. Mesmo que escreva em outros dias, a última revisão e a publicação acontecem às segundas-feiras.

A.A.N.

Abril/2009

Um comentário:

L. Fiscina disse...

pois é meu amigo, as segunda-feiras nos lembram o começo, ou o que poderia ser mais cansativo, o recomeço de algo que não termina, num sentido filosófico, quiça, a própria vida.
Dar continuidade ao que, talvez, não tenha sido terminado na semana passada ou encarar mais um desafio de lecantar para um dia-a-dia que envolve a ação e, requer, sobretudo, mais um dispêndio de energia - daí, quem sabe, uma hipótese de necessidade lógica para o aumento da pressão arterial nas segundas... Em comparação às sextas, quando o corpo humano vai se "desresponsabilizando" de algumas exigências, cujo choque há de ser despertado novamente nas segundas...
pois é meu amigo, as segundas são isso, levantar e trabalhar, labour, açao mecânica e metabólica do corpo, mas ainda bem que temos as sextas!

grande abraço e parabéns pelo texto,
L. F.