sexta-feira, 28 de julho de 2017

Marcos Marcou Touca

Arte de Weberson Santiago



Marcos tinha uma mania. A mania de guardar as coisas que comprava ou ganhava para usar em uma situação especial. No seu aniversário, se ganhava uma camiseta, guardava junto às suas outras roupas novas para que usasse quando tivesse um compromisso importante.

Se ele comprava um perfume, tinha dó de usar e acabar com o perfume e, quando tivesse uma ocasião especial, não houvesse mais do perfume para usar. Até para estrear cuecas e meias novas Marcos aguardava uma ocasião diferente.

Acontece que a vida de Marcos tinha muito mais cotidiano do que ocasiões especiais. Por isso, Marcos estava sempre vestido com roupas velhas e surradas. Por isso, Marcos sempre se perfumava com sua colônia mais barata.

Quem convivia com Marcos não imaginava o que ele dispunha em seu guarda-roupa. Marcos não se dispunha a mostrar o que ele guardava porque vivia a esperar uma ocasião especial.

Marcos morreu com um guarda-roupa e com uma coleção de perfumes de dar inveja. Só que ninguém conheceu nem as roupas bonitas nem os perfumes exuberantes que Marcos tinha.

Existem pessoas que são como o Marcos. Mas ao invés de guardar roupas e perfumes, guardam o que tem de melhor em termos de comportamento. Não achava a rotina boa o suficiente para exercitar a gentileza e a cooperação.

Os Marcos no comportamento não consideram as pessoas de sua convivência boas o suficiente para compartilhar o bom-humor e a alegria. Os Marcos que sonegam afeto, estão sempre indiferentes e apáticos.

As pessoas como este Marcos que eu descrevi passam a vida toda sem deixar uma marca positiva nas outras pessoas. De tanto esperar conhecer pessoas especiais para então demonstrar o que tem de especial, acabam por se tornar desagradáveis na convivência por toda a vida.

E aí, Marcão? Tá esperando o que para demonstrar o que tem de melhor para as pessoas? Vê se não fica aí marcando...

  UM CAFÉ E A CONTA!
| Os Marcos que me desculpem o trocadilho, mas a escolha do nome se deu por finalidades poéticas. Precisava dar um nome para o que todo mundo faz, em maior ou menor grau.

Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 28/07/2017, Edição Nº 1470.

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