sábado, 18 de março de 2017

Nada é Como um Bom Banho

Arte de Weberson Santiago




Nada na vida é como um bom banho. Não precisa ser um banho demorado, pode ser uma chuveirada de alguns minutos.

Tempo suficiente para molhar e lavar o corpo inteiro. Como um ritual, sequencialmente. Primeiro se espumam os cabelos, e ensaboa-se o rosto. E enxágua.

Depois, sabão nos ombros seguindo pelos braços até as mãos. Com a bucha vegetal, de espuma ou aquelas em formato de bola esfrega-se as axilas. E enxágua.

Com o escovão de cabo comprido, é a vez de lavar as costas. E dando continuidade numa espiral do tronco já se aproveita para ensaboar a barriga. E enxágua.

Atenção especial merece a genitália e a bunda, seja do bunda mole ou da musa fitness. Cada dobra precisa ser bem lavada. Dá-lhe sabão. E enxágua.

Aqui cabe uma ressalva. Sou implicado com o sabonete íntimo. Se a humanidade sobreviveu milhares de anos sem um sabão específico para as partes de baixo, não deve ser imprescindível como dizem. Para mim é desculpa para pagarmos mais caro, em nome de uma suposta qualidade de vida anal. Mas deixa isso pra lá porque o assunto aqui é o banho, não o sabonete íntimo.

Banho bom é banho simples. Não é preciso produtos caros, só aqueles que o cheiro lhe agrada e que o preço caiba no seu orçamento.

É durante o banho,  enquanto se repete a mesma sequência, a mesma ordem,  que a gente acaba viajando em pensamentos como eu viajei aí em cima com a história do sabão íntimo. E a hora que vê, sem perceber, já ensaboou e enxaguou as pernas.

Importante é não se esquecer dos pés. Toda a sujeira que escorre do corpo tem de passar pelos pés para ir embora pelo ralo. A sujeira é persistente e precisa de uma forcinha para nos deixar por inteiro. É hora de usar a bucha de novo.

Nada na vida é como um bom banho. O banho é para o corpo como a chuva é para a agricultura. Nosso corpo só se torna solo fértil depois de um bom banho.

Há uma infinidade de situações que pedem para ser seguidas de um bom banho. Banho de mangueira quando não se tem uma piscina para refrescar. Banho gelado de açude quando estiver na roça. Banho salgado de mar nas férias. Banho de cachoeira depois da trilha.

Um banho de bacia para a criança. Um banho de balde para o bebê.

Um banho gelado depois do sexo. Se permitir um banho de chuva para se sentir livre. Um banho quente depois de tomar um banho de chuva gelada na volta pra casa.

Se usamos a força da gravidade para levar a sujeira embora, o banho leva consigo o peso da gravidade dos nossos problemas.

  UM CAFÉ E A CONTA!
| Nunca menospreze o poder de um bom banho.

Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 18/03/2017, Edição Nº 1451.

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