sábado, 4 de março de 2017

Rio de Fevereiro

Arte de Weberson Santiago



Nós saímos de casa para ir até a casa do samba. Rio de Janeiro. Rio de Fevereiro. Rio do Carnaval.

A cidade do samba, repleta de blocos. Que começam às 7, 8, 9 ou 10 horas da manhã. Mas também tem os que começam às 14, 15 ou 16 horas da tarde. E às 18, 20, 22 horas e pela madrugada. A cidade não para, e não é somente nos 4 dias. É quase um mês antes e quinze dias depois do Carnaval.

Aonde você vai tem foliões fantasiados. Com mais ou menos roupa. Sem vergonha, sem medo, sem pudor de ser feliz. No Rio, é quase uma ofensa não sair fantasiado. Se você sai de roupa comum, se sente um peixe fora d'água. Um folião careta. Como se estivesse de terno e gravata enquanto todos estão de calça jeans e camiseta.

Brocal, glitter ou purpurina são usados sem nenhuma parcimônia. Não importa como você chama o que você usa, o importante é não faltar brilho. Brilho no olho, no sorriso, na cara e no corpo.

Pernas para que te quero. Morro acima, ladeira abaixo. Escadarias intermináveis, mas a alegria está lá no topo e a gente simplesmente ignora a dor na batata da perna durante a subida. O importante é seguir a multidão e o som da bateria. Sem pressa e sem preguiça, do aquecimento à dispersão.

Dispersão que não dura muito. Até que se encontre outro bloco no meio do caminho, ou até que se desloque para o próximo bloco. E assim vai até onde você aguentar. Nós aproveitamos umas 8 horas por dia, num expediente às avessas. Picando cartão na folia.

O bom do Rio, além de ter um dos mais animados carnavais do Brasil é que o dia pode terminar em um refrescante e revigorante banho de mar. Não vimos brigas, não vimos assaltos, embora a televisão tenha noticiado algumas ocorrências. Passamos dias divertidos.

Não dá pra levar a vida só a sério, sem deixar de lado as nossas preocupações e dilemas. O Carnaval é isso. É alienar-se conscientemente. Foi feito para se entregar a diversão e deixar o resto de lado, por 
um tempo.
Uma hora a folia acaba. Que bom! Até porque a bagunça também cansa. Cansa mais o corpo do que a cabeça. Hoje é quarta-feira de cinzas e eu estou só o pó.

  UM CAFÉ E A CONTA!
| Ainda bem que amanhã é quinta-feira, depois é sexta. Precisamos de um fim de semana de descanso.

Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 04/03/2017, Edição Nº 1449.

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