Arte de Weberson Santiago |
Nós saímos de casa para ir até a casa do samba. Rio de
Janeiro. Rio de Fevereiro. Rio do Carnaval.
A cidade do samba, repleta de blocos. Que começam às 7, 8, 9
ou 10 horas da manhã. Mas também tem os que começam às 14, 15 ou 16 horas da
tarde. E às 18, 20, 22 horas e pela madrugada. A cidade não para, e não é
somente nos 4 dias. É quase um mês antes e quinze dias depois do Carnaval.
Aonde você vai tem foliões fantasiados. Com mais ou menos
roupa. Sem vergonha, sem medo, sem pudor de ser feliz. No Rio, é quase uma
ofensa não sair fantasiado. Se você sai de roupa comum, se sente um peixe fora
d'água. Um folião careta. Como se estivesse de terno e gravata enquanto todos
estão de calça jeans e camiseta.
Brocal, glitter ou purpurina são usados sem nenhuma parcimônia.
Não importa como você chama o que você usa, o importante é não faltar brilho.
Brilho no olho, no sorriso, na cara e no corpo.
Pernas para que te quero. Morro acima, ladeira abaixo.
Escadarias intermináveis, mas a alegria está lá no topo e a gente simplesmente
ignora a dor na batata da perna durante a subida. O importante é seguir a
multidão e o som da bateria. Sem pressa e sem preguiça, do aquecimento à
dispersão.
Dispersão que não dura muito. Até que se encontre outro bloco
no meio do caminho, ou até que se desloque para o próximo bloco. E assim vai
até onde você aguentar. Nós aproveitamos umas 8 horas por dia, num expediente
às avessas. Picando cartão na folia.
O bom do Rio, além de ter um dos mais animados carnavais do
Brasil é que o dia pode terminar em um refrescante e revigorante banho de mar.
Não vimos brigas, não vimos assaltos, embora a televisão tenha noticiado
algumas ocorrências. Passamos dias divertidos.
Não dá pra levar a vida só a sério, sem deixar de lado as
nossas preocupações e dilemas. O Carnaval é isso. É alienar-se conscientemente.
Foi feito para se entregar a diversão e deixar o resto de lado, por
um tempo.
Uma hora a folia acaba. Que bom! Até porque a bagunça também
cansa. Cansa mais o corpo do que a cabeça. Hoje é quarta-feira de cinzas e eu
estou só o pó.
| Ainda bem que
amanhã é quinta-feira, depois é sexta. Precisamos de um fim de semana de
descanso.
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