domingo, 12 de dezembro de 2010

Excerto Reflexivo sobre a Abertura da Exposição

Tendo chegado, o dia começou no escuro e demorou a passar até às dezoito horas. Aquarela emoldurada, lembranças feitas, portfólio impresso, banner de divulgação e cartazes espalhados, imprensa convidada. Tudo preparado. Passadas duas horas, ao final, um sentimento de sagacidade. Havia me dedicado por semanas para proporcionar um momento diferente para meus convidados, familiares e amigos. Um entusiasmo inibido e até melancólico, resultante de um momento especial, daqueles únicos, que pode ser chamado sublime. Assim foi a abertura de ÁRVORE DA VIDA.

Naquela Biblioteca, pessoas muito importantes: meus quatro avós, pais, irmã, tios e tias, um grupo de jogadores de basquete que intervenho, amigos de trabalho do clube, um grande amigo médico com quem dividia o consultório e a oficina de artes, sua família. Pessoas que me acompanharam no período em que cada obra foi feita, que viram cada painel sendo pintado.

No decorrer deste ano de 2010, quatro artistas foram convidados para uma exposição de 40 dias, sendo 20 na Biblioteca e 20 na Academia do clube. Quando o Marketing da Associação Esportiva Mocoquense, a partir da ideia de Diretora de Cultura Matiza R. Lima , convidava os sócios artistas para exporem seus trabalhos no Projeto Arte no Clube, resolvi me inscrever.

Comecei a pintar tampas de caixas de madeira como passatempo e presenteava os amigos. Quando montei minha primeira sala de atendimentos em 2006, resolvi pintar um painel para enfeitar. Ficou interessante, mas pequeno para a parede. Comprei outra do mesmo tamanho e explorei a mesma temática para compor um par. Daí que parti para telas maiores e com propostas variadas, acumulando até 2010 oito painéis e uma dezena de aquarelas.

Buscar os quadros presenteados foi uma aventura, precisei viajar, marcar encontros, pedir envios, fazer novena para nada estragar no transporte. Cada uma que voltava as minhas mãos, dispunha na sala de espera do atual consultório e observava. Olhava para aquelas produções e resgatava uma lembrança ou um esquecimento. Cada um que chegava era catalogado, descrito. E quando chegaram os últimos pude olhar para minhas pinturas como um todo.

Exposição é um nome pesado, um fardo. Se expor pode ser arriscado, mas em nenhum momento me senti desnudado e sim orgulhoso em expulsar de mim todos aqueles sentimentos. Não conseguia pensar em outro aforismo mais apropriado que o de Nietzsche: “Temos a arte para não morrer da verdade”. O que seria de minha saúde psicológica sem esses painéis?

Inclui uma crônica escrita a quatro mãos com o amigo e aluno César, em março deste ano, quando percebi que, dos oito painéis pintados, sete contém árvores. Conversando com o Fábio Vieira, aluno e ator, descobri que ele faz uma performance chamada Árvore da Vida, que me encenou no dia seguinte. A apresentação pareceu-me ter sido feita para a exposição que, por sua vez, casava com a crônica.

A sequência programada foi: abertura pela Diretora de Cultura, minha leitura da crônica e a apresentação da performance com o Fábio, o ponto mais emocionante do evento. Uma forma de avaliar um acontecimento é analisar os efeitos que ele produziu. Observei que todos os presentes com os quais me encontrei no dia seguinte carregavam consigo um sorriso de satisfação. O objetivo da abertura havia sido atingido.

Recebi ligações e depoimentos diversos sobre a valia dos momentos vividos e impressões diante das pinturas. Não obstante, fiquei surpreso com o maior sucesso: a tela Madrugada. A grande janela preta com um caminho e árvores em alto relevo. Cheguei a ver diante de mim olhos marejados, os que conseguiram arrestar os sentimentos que tive no momento da criação.

Matiza, em seu discurso de abertura, dizia que sou um artista em formação, iniciante. E não haveria como não ser em meus primeiros painéis. Ela definia a desambição com que tudo começou. Citou, também, certo traço infantil, que acredito ser uma verdade. Talvez a maturidade que me exige o cotidiano tenha sido amenizada por comportamentos infantis em algumas pinceladas. Uma esquiva criativa. Definições à parte, enchi meus pulmões de inspiração para uma nova ceifa de painéis, com previsão inicial de serem expostos em 2015.

Cada convidado recebeu um minivaso com uma muda de planta suculenta com o objetivo de estimular o cuidado, a paciência, a interação com a vida. Não ao acaso, um papel preso ao vaso. Impressa em letras destacadas, a frase: “A despretensão pode esconder o nascimento de uma grande construção”.




2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia professor!
Não podia deixar de comentar o quanto gostei do seu quadro "Madrugada": lindo demais!
Não sei descrever o que senti quando olhei para ele, só sei que senti!
Não sabia desse seu lado artista. haha
Boas férias! Bom descanso!
Parabéns pelo seu trabalho!
Aneline

Rosa Maria disse...

Bom dia.
Parabéns por mais uma conquista.!