sábado, 23 de setembro de 2017

Caminhe Escolhendo o Caminho

Arte de Weberson Santiago



Imagine que você tem um caminho a percorrer e um lugar para chegar. Entre o local onde você está e o seu ponto de chegada existem diversas montanhas espalhadas pelo território e entre elas espaços planos. Você tem duas opções para seguir o seu caminho.

Você pode ir pelos espaços planos entre as montanhas, a primeira opção. Nesta opção você tem de percorrer uma distância maior, dando a volta nas montanhas. A vantagem é que não enfrentará subidas e descidas.

A segunda opção é seguir uma linha mais ou menos reta e enfrentar os aclives e os declives. Sentirá a sua coxa doer na subida e sua panturrilha gritar na descida.

Acrescente a esta situação uma informação importante para tomar a decisão de qual opção escolher. Você não tem um mapa para te guiar entre o local da saída e o local da chegada. A intuição é a sua bússola e as suas emoções são as suas companhias.

Qual dessas duas opções você escolheria? Andar mais no espaço plano, evitando ultrapassar as montanhas, ou seguir um caminho reto, mas cheio de obstáculos?

A primeira opção parece tentadora. Diante do desafio, quando nos deparamos com medos e inseguranças, escolher o caminho mais confortável e com menos desafios parece ser a escolha mais inteligente, ou pelo menos, mais econômica.

Na verdade, escolher dar a volta nas montanhas é se esquivar de enfrentar os sentimentos e as dificuldades externas para se manter numa zona de conforto. Querer percorrer apenas as planícies é acomodação.

Pense nesta imagem como uma metáfora sobre como se leva a vida. Passar a vida fugindo de enfrentar as situações desafiadoras promove a sensação de se ter uma vida morna e sem graça, além de acumular a frustração de não ter conseguido construir algo que tenha valor. Um amplo repertório de comportamentos de esquiva reforça os sentimentos de medo e as inseguranças. Também reforça pensamentos de derrotismo e de incapacidade.

Embora o segundo caminho pareça mais difícil, ele tem algumas vantagens que o primeiro não tem. As pessoas que tem grandes conquistas em sua vida, vitórias que costumamos admirar, contam que tão importante quanto o a vitória foi o caminho até lá, que as dificuldades enfrentadas foram ocasiões para testar e comprovar a sua capacidade de superação.

Uma segunda vantagem é que, a cada montanha que se chega ao topo, você ganha de presente uma visão do horizonte. Você é capaz de olhar ao passado e ao futuro com distanciamento, podendo analisar erros e acertos, deixando para trás o que não vale mais a pena e escolhendo novamente aonde quer chegar. O exercício de olhar a nossa própria vida como se estivéssemos de fora dela é essencial para construir uma vida que valha a pena.

Não é à toa que, quando a gente está diante do horizonte, o longe parece perto. É para nos dar coragem para buscarmos aquele lugar. E não é à toa que o no caminho da praia o lugar que parecia perto demora a chegar. É para darmos valor ao esforço que fazemos na caminhada.


  UM CAFÉ E A CONTA!
| Nos tornamos indivíduos a partir de quando escolhemos nossos caminhos por nós mesmos, sem que os outros decidam pela gente.

Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 23/09/2017, Edição Nº 1478.

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