Arte de Weberson Santiago |
Nós
dançamos tão bem juntos. Não frequentamos aulas de dança, mas na dança da vida
nós dançamos como nenhum outro casal.
Quando
escolhemos formar um par, ouvimos de muitas pessoas que formávamos uma bela
dupla e cada um de nós ouviu de pessoas do nosso convívio que nosso amor era
uma loucura.
E nós?
Nós não ouvimos ninguém. Ouvimos apenas a voz que, dentro de nós mesmos,
mandava seguirmos adiante como aquele homem e aquela mulher que saem dos dois extremos
da pista de dança em direção ao outro, até que se encontram no centro, sob a
luz do desejo. E, ofuscados pela luz, esquecemos dos outros e passamos a viver
um pelo outro.
Eu lhe
convidando com meu cavalheirismo para lhe apresentar mais adiante a paixão que
mora dentro do meu amor. Você me convidando com o movimento da beirada da sua
saia para descobrir o calor da paixão que é velado pelo pano da saia do seu
amor.
Nessa
nossa dança, tivemos todas as trilhas sonoras possíveis. Desde as músicas mais
animadas até as mais melancólicas. Agitadas e lentas. Como é a vida para todo
mundo, mas que nos fizeram perceber o nosso estilo de dançar conforme a música.
Nós
dançamos muito bem juntos, mas já perdemos o compasso. Já nos distanciamos por
brigas e desentendimentos. Mas nosso amor foi mais forte e nos uniu de novo.
Foi quando descobrimos que quando as mãos se soltam, a dança não termina porque
continuamos um par mesmo quando estamos distantes.
Nós
dançamos bem juntos, mas de vez em quando pisamos um no pé do outro. Eu reclamo
quando você pisa na minha unha encravada, você me xinga quando eu piso no seu
calo, mas logo estamos dançando de novo. Passa rápido porque a gente não quer
desperdiçar o tempo. O resto da vida é pouco para nossa dança.
Quando
um sai na frente porque está adiantado em alguma questão-refrão, não dá muitos
passos sozinho até voltar para resgatar o outro. Na frente ou atrás é só
durante o rodopio do bailado, já que quando estamos sozinhos é frente a frente
e quando estamos vivendo é um ao lado do outro. A vida não faz sentido quando
não formamos um par.
Como eu
admiro seus passos. Sua firmeza delicada. E você me confessou que admira minha
postura esguia e meu olhar doce. Nossos olhos dançam aos pares enquanto a vida
passa. Eu fui te ensinando a ver o mundo com o olhar da razão onde somente
havia o olhar da emoção. E você foi colocando luz na minha sombra de rigidez com
o reflexo iluminado de seus olhos de maneira que eu me tornasse mais sensível.
Eu nunca
achei que fosse encontrar um par que me completasse tanto. Eu nunca achei que
uma dança a dois pudesse me realizar tanto na pista da vida.
Eu sou
seu homem e você é minha mulher. E nesses sete anos eu descobri que eu só quero
que nossa dança nunca mais acabe.
| Entregue-se e viva inteiro.
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