Arte de Weberson Santiago |
Quando ela me vê descobrindo as coisas e os lugares da
cidade, admira a minha capacidade de encontrar as novidades que estão
escondidas nos percursos de sempre. Enxerga um desbravador de oceanos em busca
do novo continente onde existe apenas um curioso.
Quando ele me vê trabalhando por muitos dias seguidos sem
folga, admira a minha capacidade de encontrar forças onde deveria faltar
disposição. Avista uma mulher de super poderes onde está apenas uma pessoa que
batalha muito para conquistar o suficiente.
Quando ela me vê trazendo um objeto novo para uso de toda a
família, acredita que se eu quisesse seria capaz de fazer um calendário de
surpresas diárias.
Quando ele me vê cuidando de casa, me diz que as coisas que
eu fiz e os lugares que passei sorriem com semblante de felicidade.
Quando ela me vê cuidando das plantas, imagina que vai
receber o carinho das pétalas.
Quando ele me vê cozinhando, pensa que vai lamber o prato.
Quando ela me vê quieto, emudecido, fica tentando entender o
silêncio. E com o passar dos anos, ficou boa em acertar o que me entristeceu.
Quando ele me vê cansada, me sugere um banho. Sabe que eu vou
me sentir nova ao sair da ducha.
Quando ela me vê produzindo, diz que ninguém é mais criativo
do que eu.
Quando ele me vê trabalhando, se esconde para ficar olhando
minha maneira de interagir. Ele sorri quando lhe pego me olhando. Como quem
estava contente em espiar e fica decepcionado em ser descoberto.
Quando ela acorda depois de uma noite de sexo, fica mais
bonita. E ouve das pessoas naquele dia que está mais bonita.
Quando ele dorme depois do sexo descobre que o sexo continua
nos sonhos.
Quando ela me vê entrando em casa carregando o pão junto ao
peito, ao invés de segurar o saco dependurado, pensa que eu só poderia ser um ótimo pai.
Quando ele me vê cortando o mamão em metades, pensa que
retirar as sementes e levar os dois pratos à mesa é o sinal de um verdadeiro
encontro.
Quando ela me vê de olhos cansados, imagina que é um sorriso
de ponta cabeça.
Quando ele me vê de olhos marejados, fica enxugando as
lágrimas que escorrem para formar uma poça de esperança. Encharca os dedos
indicadores para secá-los apontando as perspectivas.
Amar é não ser cego para o dia a dia. É ver nos olhos de quem
se ama quais são seus próprios sentimentos.
| O sol de quem ama nasce na luz dos olhos do seu amado. O céu de
quem ama está no contorno dos olhos enamorados.
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2 comentários:
Parabéns meu filho, ótima crônica.
Super inspirada sua crônica, moço! Parabéns :D
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