Arte de Weberson Santiago |
Existem duas faces de uma mesma moeda que me fazem pensar
muito. São os dois lados de uma relação que tem o objetivo de produzir um monte
de moedas. Falo da situação do trabalhador e de quem comanda um conjunto deles.
Aqui no interior, chama-se de patrão e empregado. Nas organizações que se dizem
modernas fala-se em líder e colaboradores. É o chefe e o funcionário.
São duas pessoas, uma na posição de executar algo para uma
finalidade e outra que deve comandar um grupo de pessoas e conduzi-las a um
objetivo. Quando se chega perto de cada um dos dois lados é que se pode
observar as contradições.
Ser trabalhador não é moleza. Aliás, a moleza não tem lugar.
Independentemente do dia, tem de se apresentar no horário, com tolerância
máxima de cinco minutos para mais e cinco para menos e picar o cartão. Cartão
picado significa já sair produzindo, sem mais delongas. Não importa se levantou
com o pé direito, se acordou de mal humor, se está cheio de problemas fora do
trabalho. É preciso deixar tudo de lado e trabalhar.
Quem não tem emprego, pensa que os seus problemas acabarão
quando conseguir o seu. Quem já tem um, percebe que trabalhar é saber
administrar problemas e que eles sempre farão parte da sua rotina. Você é
contratado para resolver problemas, para evitar a recorrência dos problemas e
de preferência extermina-lo para todo o sempre, para que possa vir o próximo.
Nem sempre o ocupante da vaga de trabalho sabe o que esperam
dele. Parece que por mais que ele faça, a única coisa que consegue é evitar uma
demissão. Reconhecimento? Este sim está desempregado. Não vem encontrando lugar
para trabalhar em lugar nenhum. E olha que faz tempo que o reconhecimento vem
circulando os anúncios dos classificados nos jornais à procura de uma
oportunidade. O dia que contratarem o reconhecimento, vão descobrir que não é o
dinheiro o maior motivador do trabalhador.
Ao contrário do que muitos pensam, o que aumenta a
produtividade é ser visto. É experimentar que o seu empenho causa mais do que
indiferença, que é capaz de gerar interesse, que promove satisfação e que definitivamente
é importante para alguém. Aquele que se diz motivado sente que seu desempenho é
maior que a vaga, que sua capacidade ultrapassa o cargo e que a sua
criatividade só é limitada pelo espaço que lhe dão para coloca-la em prática.
Se eu já senti tudo isso como trabalhador, andei
experimentando recentemente o outro lado. Como é difícil gerir uma equipe. Na
hora de tomar a decisão, é preciso ter como prioridade a necessidade da
empresa, em segundo lugar entender as necessidades dos funcionários. Como
conciliar e respeitar as necessidades de pessoas tão diferentes, com histórias
de vida tão distintas e prioridades das mais diversas?
Fico intrigado com a dificuldade que o brasileiro tem com a
rotina. Não há um mês que consiga deixar o cartão de ponto em dia e sempre tem
a justificativa mais mirabolante. É um sacrifício seguir uma rotina, resolver
um problemas definitivamente ao invés de ficar consertando com uma gambiarra.
Se eu descobrisse quem inventou o jeitinho brasileiro, demitiria do mundo na
hora, sem aviso prévio.
Na hora de pensar como o empresário, é mais fácil ficar com
pena do que querer ocupar o lugar do dono. Outro dia conheci um empresário
cheio de boa vontade querendo propor um horário flexível aos funcionários, mas
que descobriu que isto contraria as leis trabalhistas. Na hora de administrar a
insatisfação de qualquer um dos seus colaboradores, descobriu que cada um
defende apenas seu interesse e que ninguém está disposto a abrir mão. O chefe
que pressiona já não sabe mais como conseguir o que quer de outra forma e não
percebe que o resultado é o contrário.
O que verdadeiramente falta para estes dois lados é se
colocar no lugar do outro. Ficaria mais fácil agir entendendo como o outro lado
se sente diante das decisões que são tomadas. Ao invés de atacar, acatar que um
lado depende do outro na mesma proporção. Quando cada lado caminha para um sentido, o todo chega
ao lugar nenhum.
| Acreditar que pode existir lugar para os limites humanos no
trabalho não é ilusão, é parar de negar que todo ser humano tem limites.
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Um comentário:
realmente é um belo discurso se estivesse concorrendo a uma vaga, acredite seria sua mas na verdade não
existe esta ideia de se colocar no lugar do outro patrão quer produção ou seja lucro entender o funcionário nunca saber que o funcionário é apenas um ser humano e entende-lo jamais recentemente tive um patrão que se dizia amigo dos funcionários eu realmente acreditei todos já sabemos onde deu não é demição sem aviso prévio olhe professor palavras bonitas mas não as deixes só no papel ou na rede faça acontecer na sua empresa e vc terá os seus lucros multiplicados pense nisso veja não do lado clinico como psicologo mas como homem e veja que atraz de um funcionário seu existe pessoas que dependem dele e do emprego que ele esta!!!!! pense nas pessoas antes de julgar e ouvir opiniões preconceituosas
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