sábado, 14 de abril de 2012

O Trabalho Sob Dois Pontos de Vista

Arte de Weberson Santiago




Existem duas faces de uma mesma moeda que me fazem pensar muito. São os dois lados de uma relação que tem o objetivo de produzir um monte de moedas. Falo da situação do trabalhador e de quem comanda um conjunto deles. Aqui no interior, chama-se de patrão e empregado. Nas organizações que se dizem modernas fala-se em líder e colaboradores. É o chefe e o funcionário.

São duas pessoas, uma na posição de executar algo para uma finalidade e outra que deve comandar um grupo de pessoas e conduzi-las a um objetivo. Quando se chega perto de cada um dos dois lados é que se pode observar as contradições.

Ser trabalhador não é moleza. Aliás, a moleza não tem lugar. Independentemente do dia, tem de se apresentar no horário, com tolerância máxima de cinco minutos para mais e cinco para menos e picar o cartão. Cartão picado significa já sair produzindo, sem mais delongas. Não importa se levantou com o pé direito, se acordou de mal humor, se está cheio de problemas fora do trabalho. É preciso deixar tudo de lado e trabalhar.

Quem não tem emprego, pensa que os seus problemas acabarão quando conseguir o seu. Quem já tem um, percebe que trabalhar é saber administrar problemas e que eles sempre farão parte da sua rotina. Você é contratado para resolver problemas, para evitar a recorrência dos problemas e de preferência extermina-lo para todo o sempre, para que possa vir o próximo.

Nem sempre o ocupante da vaga de trabalho sabe o que esperam dele. Parece que por mais que ele faça, a única coisa que consegue é evitar uma demissão. Reconhecimento? Este sim está desempregado. Não vem encontrando lugar para trabalhar em lugar nenhum. E olha que faz tempo que o reconhecimento vem circulando os anúncios dos classificados nos jornais à procura de uma oportunidade. O dia que contratarem o reconhecimento, vão descobrir que não é o dinheiro o maior motivador do trabalhador.

Ao contrário do que muitos pensam, o que aumenta a produtividade é ser visto. É experimentar que o seu empenho causa mais do que indiferença, que é capaz de gerar interesse, que promove satisfação e que definitivamente é importante para alguém. Aquele que se diz motivado sente que seu desempenho é maior que a vaga, que sua capacidade ultrapassa o cargo e que a sua criatividade só é limitada pelo espaço que lhe dão para coloca-la em prática.

Se eu já senti tudo isso como trabalhador, andei experimentando recentemente o outro lado. Como é difícil gerir uma equipe. Na hora de tomar a decisão, é preciso ter como prioridade a necessidade da empresa, em segundo lugar entender as necessidades dos funcionários. Como conciliar e respeitar as necessidades de pessoas tão diferentes, com histórias de vida tão distintas e prioridades das mais diversas?

Fico intrigado com a dificuldade que o brasileiro tem com a rotina. Não há um mês que consiga deixar o cartão de ponto em dia e sempre tem a justificativa mais mirabolante. É um sacrifício seguir uma rotina, resolver um problemas definitivamente ao invés de ficar consertando com uma gambiarra. Se eu descobrisse quem inventou o jeitinho brasileiro, demitiria do mundo na hora, sem aviso prévio.

Na hora de pensar como o empresário, é mais fácil ficar com pena do que querer ocupar o lugar do dono. Outro dia conheci um empresário cheio de boa vontade querendo propor um horário flexível aos funcionários, mas que descobriu que isto contraria as leis trabalhistas. Na hora de administrar a insatisfação de qualquer um dos seus colaboradores, descobriu que cada um defende apenas seu interesse e que ninguém está disposto a abrir mão. O chefe que pressiona já não sabe mais como conseguir o que quer de outra forma e não percebe que o resultado é o contrário.

O que verdadeiramente falta para estes dois lados é se colocar no lugar do outro. Ficaria mais fácil agir entendendo como o outro lado se sente diante das decisões que são tomadas. Ao invés de atacar, acatar que um lado depende do outro na mesma proporção. Quando cada lado caminha para um sentido, o todo chega ao lugar nenhum.

  UM CAFÉ E A CONTA!
| Acreditar que pode existir lugar para os limites humanos no trabalho não é ilusão, é parar de negar que todo ser humano tem limites.

Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, Caderno Dois, p. 5, 14/04/2012, Edição Nº 1195. 


Um comentário:

Anônimo disse...

realmente é um belo discurso se estivesse concorrendo a uma vaga, acredite seria sua mas na verdade não
existe esta ideia de se colocar no lugar do outro patrão quer produção ou seja lucro entender o funcionário nunca saber que o funcionário é apenas um ser humano e entende-lo jamais recentemente tive um patrão que se dizia amigo dos funcionários eu realmente acreditei todos já sabemos onde deu não é demição sem aviso prévio olhe professor palavras bonitas mas não as deixes só no papel ou na rede faça acontecer na sua empresa e vc terá os seus lucros multiplicados pense nisso veja não do lado clinico como psicologo mas como homem e veja que atraz de um funcionário seu existe pessoas que dependem dele e do emprego que ele esta!!!!! pense nas pessoas antes de julgar e ouvir opiniões preconceituosas