terça-feira, 11 de agosto de 2009

Falar e Fazer

Falar. Como o fazemos. O tempo todo, de diferentes maneiras, por diversos meios. Falo, leio, escrevo, descrevo, observo, escuto, respondo, digo, entendo, compreendo, rabisco, desenho, desdenho, rio, emudeço, esqueço, perco, quieto, penso, traduzo.

Linguagem é uma ferramenta? Linguagem é um meio? Não sei, só uso!

O fato é que nos estimula, por qual seja a via, e produz um efeito. Nos modifica. E é modificada por nós, à medida que não é estática, é alterada e, portanto, recriada a todo momento. Perguntaram-me se a palavra tem poder. Tem. Por razão simples.

Quando ouvimos algo, este provoca um efeito. Cada pequena característica é importante: onde foi dita, por quem, em qual momento, a entonação, a eventual presença de outrem, pontos em comum com outras interações verbais de mesma característica ocorrida em outro momento e a própria história de interações dos falantes e ouvintes envolvidos.

Para clarificar, trago um exemplo: na minha sala de trabalho existe uma tela pintada a mão. Enquanto estímulo, esta tela é estática, está sempre no mesmo lugar e com a mesma cor e iluminação. Entretanto, ela já eliciou os mais diversos tipos de reações, comentários, sentimentos. E até diferentes sentimentos para a mesma pessoa em meses diferentes.

Uma conclusão acerca do poder da palavra seria: já que ela tem poder, se eu repetir muito uma coisa que quero, ela poderá tornar-se realidade?

A resposta é não, pois seu efeito não é linear. Explico: não é a repetição excessiva que vai mudar alguma coisa, mas a reflexão acerca das condições que mantêm aquilo que se quer mudar ou conseguir. Uma frase colocada em lugar estratégico pode ajudar nesta reflexão, à medida que produz um pensamento sobre aquele assunto quando visualizada. Entretanto, reler exaustivamente na esperança de tornar-se realidade é uma atitude em vão.

O que se poderia conseguir é uma boa dose de fadiga. Sejamos estrategistas. Deixe-se distanciar da questão e pensar outras coisas, pois ela permanecerá a ser respondida e talvez a resposta possa surgir quando você estiver sobre outro contexto. Voltemos à pratica: sempre que estou me exercitando, por exemplo, costumo me abastecer de idéias sobre os mais diversos assuntos. Se tenho um estímulo no meu espelho, seja uma frase ou pergunta, pode ser que ao exercitar-me ou fazer outra coisa consiga pensar em uma resposta ou em uma atitude a ser tomada naquele sentido.

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Crônica dedicada a amiga Cida Cilli que, com sua curiosidade incessante, incentivou-me com uma pergunta a colocar meus pensamentos sobre este assunto sob a forma de texto.

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