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Arte de Weberson Santiago |
O final
do ano se aproximando nos faz refletir sobre o que produzimos durante os meses
que se passaram. Como eu comecei o ano e como estou terminando? Quais foram
minhas conquistas e quais foram as minhas perdas?
O prazo
de um ciclo se fechando costuma ter um efeito psicológico. É um período de
recolhimento, de reflexão, de introspecção. É assim antes do aniversário,
quando concluímos um curso, quando o ano termina, e em muitas situações de
fechamento, de encerramento, de conclusão.
Muitas
pessoas sentem desconforto com os sentimentos gerados por estas situações, não
lidando bem com o que um final lhe gera no mundo das emoções. Ainda mais quando
a reflexão fica distorcida pelo olhar que teima em enxergar mais os eventos
negativos do que os positivos.
Os
ganhos precisam ser reconhecidos e agradecidos, mas é muito importante que
reconheçamos através dos nossos próprios sentimentos negativos aquelas
situações ou pessoas que nos incomodam e nos fazem sofrer. Só quando encaramos
este tipo de sentimento e o contexto que nos deixa assim é que podemos mudar a
maneira com que enfrentamos essas situações.
Na
verdade, nós nos acostumamos com o que é ruim. Não me esqueço de um caso que me
relataram de uma mulher que tinha um marido violento com quem foi casada por
trinta anos, que passou alguns anos lamentando sistematicamente a sua morte. E
também não me esqueço de um conhecido que sempre reclamava do seu chefe, mas
sempre preferiu o chato conhecido do que correr o risco de encarar o
desconhecido em um outro trabalho. Eles se acostumaram com o que lhes era ruim.
Buscaram coisas e situações para se distrair de seus sentimentos e pensamentos negativos
que lhes diziam que era hora de mudar.
É
justamente isso que faz com que vivamos uma vida sem valor, que constatemos que
o balanço de um ano foi negativo. Comemore suas conquistas, mas não ignore as
lições que as experiências ruins lhe proporcionaram e não tampe os seus ouvidos
para os recados que os seus pensamentos e sentimentos negativos lhe dão.
O que
faz com que a vida valha a pena é agir na direção do que faz o nosso coração
arder de vontade de realizar. Que pode estar distante, e mesmo que só possa ser
conquistado com muito sacrifício e aos poucos, você escolhe se entregar à busca.
A vantagem é que cada passo dado nesta direção se torna, por si só, uma
realização.
E nesse
novo ano que começa, você vai passar fingindo que não vê os seus incômodos ou
vai passar agindo na direção do que você valoriza?
| Pode ser que não dê para mudar de imediato, mas quando aguentamos
o que é desconfortável mais um pouco em nome de algo maior, o incômodo
diminui.
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