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Arte de Weberson Santiago |
Aquele que nunca usou alguma forma de
tecnologia para entreter o seu filho que atire a primeira pedra. Fica difícil
manter as crianças longe do celular enquanto nós mesmos vivemos dependurados
nos smartphones.
Defendo que o uso de celulares por crianças
seja monitorado pelos pais e liberado apenas em alguns períodos, que o uso não
seja livre. Ter o celular como concorrente de atividades escolares é criar uma
concorrência desleal. É problema na certa.
Mas nossa falha começa bem antes da liberação
da tecnologia. Quando sustentamos a tentativa de fazer com que o quarto
perfeito que criamos na gestação se mantenha durante o crescimento de nossos
filhos.
Queremos que nossos filhos tenham uma vida
feliz, diferente da nossa, e lutamos para manter uma satisfação constante. Para
que sejam felizes, multiplicamos iniciativas que lhes gerem satisfação e lhes
poupamos de frustrações e esforços.
O resultado desta forma de agir? Ao invés
de crianças felizes, temos nos deparado com uma fragilidade emocional enorme,
uma baixíssima tolerância a frustração e uma constante angústia e infelicidade.
Ou seja, produzimos o oposto.
É na infância que se aprende a lidar com o
esforço, com a frustração, com os desafios, com os sentimentos negativos.
Portanto, não tenha medo de tirar o celular ou tablet do seu filho. Você estará lhe ajudando a experimentar outras
atividades, além de demonstrar preocupação e interesse ao colocar limites. As
crianças andam muito carentes disso, pois nossa correria cotidiana lhes dá uma
sensação de que não lhes damos atenção por que não são importantes.
Mas não é o suficiente retirar o celular. As
crianças têm uma energia enorme e, na maioria das vezes, uma grande capacidade
cognitiva que precisa ser utilizada em algo produtivo.
A energia deve ser canalizada para alguma
atividade física. A tecnologia tem contribuído também para o sedentarismo
precoce. Além de que a atividade física tem benefícios para a saúde física,
emocional, social e até intelectual.
Para trabalhar a capacidade cognitiva, analise
a capacidade do seu filho e crie “desafios” para que ele supere dentro de casa.
Atribuir novas responsabilidades em tarefas domésticas, por exemplo, pode ser
uma ótima maneira de ensiná-lo a lidar com esforço, a aprender cooperação e
construir autonomia. Uma pesquisa no Google
sobre isso pode lhe dar sugestões do que é possível fazer em cada idade.
Tem horas que precisamos parar de fazer e
olhar para como a gente está fazendo o nosso papel. Só tentar fazer diferente
do que fizeram com a gente pode não ser – e na maioria das vezes não é – o suficiente.
| Quando o assunto é educação dos filhos, pequenos ajustes podem
promover grandes resultados.
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Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 11/08/2018, Edição Nº 1524.
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