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Arte de Weberson Santiago |
Me
peguei quase surtando com o excesso de tarefas. Os e-mails com solicitações se
multiplicavam, mensagens no WhatsApp pipocavam com pedidos de clientes e
tarefas de trabalho. Por mais que eu eliminasse algumas, outras surgiam, e a
sensação que eu tinha era de que eram muitas demandas para pouco Augusto.
Cada
tarefa vem acompanhada de um prazo, e a somatória dos prazos me pressionava, a
ponto de pensar que eu poderia me perder e não conseguiria entregar as tarefas.
Eu que sempre me gabei de não precisar de agenda para lembrar dos meus
compromissos, percebi que era hora de rever minha maneira de pensar.
Se eu
não tivesse uma clara noção de todas as tarefas no decorrer dos próximos meses,
continuaria perdido no meio do excesso. Embora tenha a disposição a agenda do
celular, resolvi apelar para o método tradicional: peguei um punhado de canetas
coloridas e um calendário de mesa e comecei a marcar os compromissos, períodos
de atividades e todos prazos finais para entrega de trabalhos. Em seguida,
montei uma planilha de compromissos na semana, de maneira que pudesse ver onde
eu estaria em que hora durante todos os dias.
Apesar
de saber tudo o que pus no papel, parece que o calendário e a tabela de
horários me acalmaram. Fizeram com que eu tivesse ao meu alcance a estrutura de
funcionamento da minha rotina. Mesmo com muitas atividades, eu pude estabelecer
uma hierarquia de prioridades que consideravam o prazo e a importância de cada
atividade, bem como o melhor horário para fazê-las em meio aos compromissos.
A
organização do ambiente ao nosso redor tem o poder de fazer com que nos sintamos
organizados. Se a bagunça vai se acumulando, nossos pensamentos e sentimentos
vão se desorganizando. Então eu entro no modo pré-ocupação: as pendências ficam
vindo na cabeça mesmo que não tenha a possibilidade de resolvê-las naquele
momento. No modo pré-ocupação, começo a me ocupar das minhas atividades muito
antes de poder fazê-las. Isso gasta uma baita energia e desgasta, sem contar a
quantidade de pensamentos e sentimentos negativos relacionados, como ansiedade,
nervosismo, fadiga, entre outros.
Quando
me pego assim, procuro ativar o modo pró-cura. Parto em busca de uma solução
prática que possa me ajudar a sair da preocupação excessiva. Procurar uma alternativa
para solucionar o impasse é minha forma de lidar com isso. Como é muito difícil
sair de um modo pré-ocupação quando estamos nele, muitas vezes busco ajuda em
alguma pessoa de confiança com quem compartilho meu dilema e essa pessoa me
ajuda a pensar em uma alternativa. Geralmente conto com a Natália ou minha
terapeuta. Busco compreender o que está acontecendo e fazer algo concreto para
lidar com meus pensamentos e sentimentos negativos, ao invés de ficar paralisado
e tomado por eles.
O grande
desafio da vida moderna é conseguir fazer uma coisa de cada vez, sem pensar no
que passou ou no que está por vir. Procure você também suas estratégias para
lidar com isso.
| Quando estiver no ápice da dificuldade, deixe tudo de lado e
respire. Apenas respire.
|
Publicado no Jornal Democrata, coluna Crônicas de Padaria, caderno Dois, 21/04/2018, Edição Nº 1508.