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Arte de Weberson Santiago |
Imagine
que você tem um caminho a percorrer e um lugar para chegar. Entre o local onde
você está e o seu ponto de chegada existem diversas montanhas espalhadas pelo
território e entre elas espaços planos. Você tem duas opções para seguir o seu
caminho.
Você
pode ir pelos espaços planos entre as montanhas, a primeira opção. Nesta opção
você tem de percorrer uma distância maior, dando a volta nas montanhas. A
vantagem é que não enfrentará subidas e descidas.
A segunda
opção é seguir uma linha mais ou menos reta e enfrentar os aclives e os
declives. Sentirá a sua coxa doer na subida e sua panturrilha gritar na
descida.
Acrescente
a esta situação uma informação importante para tomar a decisão de qual opção escolher.
Você não tem um mapa para te guiar entre o local da saída e o local da chegada.
A intuição é a sua bússola e as suas emoções são as suas companhias.
Qual
dessas duas opções você escolheria? Andar mais no espaço plano, evitando
ultrapassar as montanhas, ou seguir um caminho reto, mas cheio de obstáculos?
A
primeira opção parece tentadora. Diante do desafio, quando nos deparamos com
medos e inseguranças, escolher o caminho mais confortável e com menos desafios
parece ser a escolha mais inteligente, ou pelo menos, mais econômica.
Na
verdade, escolher dar a volta nas montanhas é se esquivar de enfrentar os
sentimentos e as dificuldades externas para se manter numa zona de conforto.
Querer percorrer apenas as planícies é acomodação.
Pense
nesta imagem como uma metáfora sobre como se leva a vida. Passar a vida fugindo
de enfrentar as situações desafiadoras promove a sensação de se ter uma vida morna
e sem graça, além de acumular a frustração de não ter conseguido construir algo
que tenha valor. Um amplo repertório de comportamentos de esquiva reforça os sentimentos
de medo e as inseguranças. Também reforça pensamentos de derrotismo e de
incapacidade.
Embora o
segundo caminho pareça mais difícil, ele tem algumas vantagens que o primeiro
não tem. As pessoas que tem grandes conquistas em sua vida, vitórias que
costumamos admirar, contam que tão importante quanto o a vitória foi o caminho
até lá, que as dificuldades enfrentadas foram ocasiões para testar e comprovar
a sua capacidade de superação.
Uma
segunda vantagem é que, a cada montanha que se chega ao topo, você ganha de
presente uma visão do horizonte. Você é capaz de olhar ao passado e ao futuro
com distanciamento, podendo analisar erros e acertos, deixando para trás o que
não vale mais a pena e escolhendo novamente aonde quer chegar. O exercício de
olhar a nossa própria vida como se estivéssemos de fora dela é essencial para
construir uma vida que valha a pena.
Não é à
toa que, quando a gente está diante do horizonte, o longe parece perto. É para
nos dar coragem para buscarmos aquele lugar. E não é à toa que o no caminho da
praia o lugar que parecia perto demora a chegar. É para darmos valor ao esforço
que fazemos na caminhada.
| Nos tornamos indivíduos a partir de quando escolhemos nossos
caminhos por nós mesmos, sem que os outros decidam pela gente.
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